Horror Expo 2019 | Mick Garris, a lenda do cinema de horror e fantasia
Poucos devem reconhecer o nome de Mick Garris, mas ele já trabalhou com alguns dos maiores cineastas, escritores e músicos que você pode imaginar.
Logo início de sua carreira, conta que fez parte da realização do primeiro Star Wars, embora não fosse nenhum cargo de relevância. Sua grande década foi a de 1980 quando trabalhou ao lado de Michael Jackson no roteiro e, inclusive, fazendo uma ponta como um dos zumbis no clipe de Thriller!
Anos mais tarde, se juntou a Steven Spielberg para produzir Histórias Maravilhosas, seriado de aventura e fantasia, no qual cada episódio contava uma história com personagens diferentes a cada semana e um não era continuação do próximo. Nos anos 90, dirigiu o clássico Abracadabra (Hocus Pocus, 1993) e voltou a trabalhar com Michael Jackson para escrever o roteiro de Ghosts.
Fora isso, Garris escreve alguns romances, como Salome, publicado em 2015, e do qual se orgulha muito. E também é muito fã das obras de Stephen King e que delas já adaptou Montado na Bala (Riding The Bullet) em 2004.
Nesta entrevista exclusiva que deu a Be Geeks, Garris fala de muitos assuntos, como sua primeira visita ao Brasil, seu filme favorito e os diretores que gostaria de trabalhar.
"Taika Waititi seria espetacular", conta Mick Garris sobre diretores com quem gostaria de trabalhar. Foto: (LA Weekly / Scott Feinblatt)
B.G.: Esta é sua primeira visita ao Brasil?
Esta é a minha segunda visita. Eu fui para Porto Alegre no ano passado para o festival deles, o Fantaspoa. É um festival fantástico, eu passei um tempo incrível lá em Porto Alegre. Mas esta é minha primeira vez em São Paulo. Uma das melhores coisas do meu trabalho é que eu tenho que ir a muitos países ao redor do mundo e não ter que pagar por isso.
B.G.: E você está gostando daqui?
Eu amo, eu amo, com certeza. Eu fui a um dos cemitérios mais velhos do mundo ontem. Eu fui ao Mercado Municipal. Eu amo ver as cidades que eu tenho que visitar.
B.G.: Você escreveu muitos livros e muitos roteiros. Há uma diferença quando você está escrevendo cada um deles?
Sim. Num livro, você tem cem por cento de liberdade. Você não tem que pensar sobre orçamento, você não tem que pensar sobre elenco, você não tem que pensar sobre efeitos especiais. Um escritor uma vez me disse algo muito profundo, muito óbvio, mas muito profundo: "Livros são interiores e filmes são exteriores". Você tem que ver e ouvir o que está acontecendo num filme. Já um livro, eu posso escrever algo muito íntimo e compartilhar aquilo com você. Num filme, eu tenho que trabalhar com a linguagem cinematográfica para transmitir meus pensamentos internos. Então eles são muito diferentes. E ainda tem uma terceira coisa. Ambos são todas formas de contar histórias, eles são sobre conectar os seres humanos, ilustrar personagens é uma coisa inacreditável e única. E isso tudo se trata de comunicação. Se o homem neandertal tivesse primeiro inventado uma filmadora antes de inventar a pintura nas cavernas, não existiria a escrita. Seria tudo feito em vídeo. Não é assim que é feito. É de uma perspectiva única perceber que a evolução teve que vir do desenho para a escrita para o filme. Sabe, a evolução é o roteiro de cinema, mas a versão original de escrita ainda está entre nós.
B.G.: De tudo que você já fez, qual seu trabalho favorito?
É muito difícil dizer, muito difícil. Talvez... Sabe, isso muda o tempo todo. Meu primeiro filme pessoal foi Montado na Bala (Riding The Bullet, 2004), baseado numa história do Stephen King. Mas é algo que muda muito, porque é uma história curta, e não um livro. Meu segundo romance, chamado Salome, é algo que eu tenho muito orgulho também. E eu tenho um novo livro estreando ano que vem, que tem Salome nele e outros quatro romances. E também são trabalhos dos quais eu também estou muito orgulhoso.
B.G.: Há algum diretor que você gostaria de trabalhar?
Bem, eu admiro muitos diretores de Cronenberg a Guillhermo Del Toro a Jennifer Kent. Não há ninguém que faça algo tão especial, tão único e tão real como eles. E minha grande fortuna como produtor de mestres do horror é que eu tenho que trabalhar com alguns dos meus cineastas favoritos de todos os tempos. E se eles eram meus amigos antes, eles continuam meus amigos depois.
B.G.: Mas há alguém que você nunca tenha trabalhado e ainda gostaria de trabalhar?
Eu quase trabalhei com Wes Craven, que está morto agora, e George Romero. Eles dois foram mestres do horror. Mas eu trabalhei com o Guillhermo [Del Toro] por um tempo, eu ia produzir um filme que ele estava fazendo, mas nós nunca trabalhamos juntos, executar um um filme juntos, Mas eu adoraria trabalhar com ele, eu adoraria trabalhar com a Jennifer Kent. Sabe, tem muita gente interessante... Taika Waititi seria espetacular.
B.G.: E qual seu filme de horror favorito?
Isso muda o tempo todo. Mas agora é Gêmeos – Mórbida Semelhança (Dead Ringers, 1988), de David Cronenberg. É uma obra-prima e não é nada como qualquer coisa que você já tenha visto. Eu amo.
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