Everything Sucks | Crítica – A Netflix, assim como a Marvel Studios, tem uma “fórmula”.
A história se passa no ano de 1996, em uma pequena cidade chamada Boring. Alunos dos grupos de vídeo e teatro estão se descobrindo e encarando os desafios da adolescência durante a era do vídeo-cassete. A história central acompanha Luke, um calouro que se apaixona por Kate, filha do diretor do colégio. Durante esse envolvimento ambos estarão aprendendo mais sobre si mesmos e sobre a vida.
Se existe uma “fórmula Marvel” nos cinemas: filmes leves, bem humorados e ação descompromissada, então pode-se chegar a conclusão que a Netflix também possui uma fórmula para o sucesso: séries de drama adolescente ambientadas em décadas passadas, trilha sonora característica da época e cenas editadas com músicas marcantes da cultura pop. Funcionou com Stranger Things, funcionou com 13 Reasons Why e funciona com a nova série original.
A série se vende nos trailers como uma comédia de colegial nostálgica, mas na verdade as tramas são complexas e os episódios possuem cenas corajosas para serem expostas com atores tão jovens (Destaque para as cenas de Peyton Kennedy). Assim como 13 Reasons Why e Stranger Things, a nova série conta histórias que mergulham na mente adolescente, abordando descobertas, inseguranças, brigas, o abalo profundo e a sensação de que a dor nunca irá embora. Contudo, a história sabe balancear o tom desses temas com cenas cômicos e um ambiente desenvolto. Outra coisa característica dessa “formula” da Netflix é o uso da trilha sonora em momentos pontuais (Destaque novamente para as cenas de Peyton Kennedy, especialmente sua performance musical no episódio cinco) . Artistas, filmes e Hits musicais da década de 90 são basicamente parte na narrativa da série.
A produção conta com um elenco jovem notável. Não deveria ser surpresa claro, essa escalação de adolescentes talentosos é uma característica da produtora. Os alunos, cada um com sua personalidade, são cativantes e originais. Há momentos em que o público realmente se conecta com esses garotos. Os atores demonstram dedicação e coragem para carregar cenas fortes e emocionantes.
A trama é fluida e concisa, os personagens se relacionam de maneira natural e a construção dos fatos segue de forma cuidadosa e sensível. Outro ponto interessante é o jogo de câmera da série. Alguns takes são realizados em zoom, mudança de ângulo e desfoques perceptíveis, quase que de forma amadora. Essas parecem ser referências a trama dos adolescentes, que estão gravando um filme, e também uma característica das produções audiovisuais da década.
Nenhum dos atores deixa a desejar. O único defeito, sem dar spoiler, é a mudança drástica ao final da trama da personagem Emaline (Sidney Sweeney), um verdadeiro Plot twist indiscreto. Os atores do elenco adulto, Diretor Messner (Patch Darragh) e Sherry o`Neil ( Claudine Mboligikpelani Nako), também realizam um ótimo trabalho na suas histórias. O ator coadjuvante Zachary Rey Shermann, que faz o papel de Leroy, tem uma participação importante. O personagem, que aparece em gravações de VHS , é usado como um instrumento de roteiro. As cenas de Shermann fazem um paralelo com os acontecimentos da série e fazem você querer saber mais sobre essa pessoa.
A série tem muito a oferecer. Além de nostalgia, ela passa uma mensagem específica através de uma narrativa eficiente.
Nota: 4,0/5,0
Crítica por: J.V. Vicente, Estudante de Jornalismo da Anhembi Morumbi, 7º Semestre