Legends of Tomorrow – 3ª Temporada | Crítica: Uma série da CW que soube abraçar o seu lado cartunesc
ATENÇÃO: A CRÍTICA ABAIXO PODE CONTER SPOILERS DO SERIADO!
Lançada no ano de 2016 como um spin-off das séries do "Arrowverse" (Arrow, Supergirl e The Flash), Legends of Tomorrow foi utilizada inicialmente como um espaço para os atores coadjuvantes, tanto heróis, quanto vilões dos principais seriados formarem um time de desajustados que se tornariam as Lendas do Amanhã. Depois de três temporadas do seu lançamento, a série conseguiu trazer de volta a essência dos heróis ao canal. O sucesso inicial de Arrow (2012) e The Flash (2014) não está sendo refletido nas temporadas atuais, onde as tramas focam cada vez mais no lado dramático, deixando a estética heroica de fora.
O formato compacto do seriado, (apenas 18 episódios na atual temporada), contribui para que a trama seja resolvida de maneira mais objetiva, sem a necessidade de "encher linguiça" ao telespectador com episódios sem sentido e que nada acrescentam à trama principal. Mesmo com o excesso de personagens, teoricamente principais, devido ao fato de ser um grupo de super heróis, Legends of Tomorrow consegue criar através de sub-tramas elementos suficientes para que todos consigam ter o seu devido protagonismo, inclusive criando uma cadeia de hierarquia na importância de cada personagem.
Isto posto, vamos adentrar ao material entregue pela série na terceira temporada. Partindo da premissa de consertar os erros causados pelas Lendas na temporada anterior. Enquanto que Sara Lance (Caity Lotz) já fica estabelecida como capitã da equipe, líder e estrela principal do show, o personagem de Rip Hunter (Arthur Darvill) é deixado de lado para sua própria trama no seriado. O ex capitão do time alerta a todos sobre um grande mal que está por vir: o demônio do tempo chamado Mallus. A missão basicamente se resume ao enredo de uma história em quadrinhos, onde é necessário realizar toda prevenção para evitar a chegada do mal, porém estar pronto caso o plano venha a falhar.
Sabendo que os únicos heróis possíveis para salvar o mundo no momento de maior necessidade são as Lendas do Amanhã, Rip Hunter alerta a Agência do Tempo, órgão do qual ele foi um dos criadores. Apesar do inimigo ser introduzido sempre no primeiro episódio das temporadas, algo já recorrente no seriado, um ponto positivo foi a apresentação de um vilão que não possui nenhum vínculo humano, mas sim algo sobrenatural. Com isso, foi possível perceber que muitas coisas estranhas poderiam vir a acontecer.
Com basicamente o mesmo elenco desde a sua estreia, apenas com algumas pequenas mudanças de heróis e vilões recorrentes aparecendo entre uma temporada e outra, desta vez tivemos uma significativa mudança. Um dos líderes do time das Lendas, o Doutor Martin Stein (Victor Garber), começa a ter problemas para focar em sua vida pessoal e a vida com a equipe. Esse dilema acaba influenciando em sua outra contraparte, Jax (Franz Drameh), pois ambos compartilham de uma conexão mental.
Apesar de tratar-se de dois personagens importantes para o núcleo central da trama desde o seu início, durante toda a temporada somos levados ao indício da saída de ambos da série, algo concretizado com muita maestria e que arranca boas lágrimas dos fãs assíduos do show. Com a saída primária de Martin Stein, resta a Jax tentar se encaixar no grupo mesmo que sem os seus poderes, algo que infelizmente não vem a acontecer, o que consequentemente leva a sua saída das lenda. Porém, se serve de consolo, o personagem volta na season finale para uma participação especial.
Devido a saída desses dois personagens, outros heróis do elenco de apoio vieram para cativar o público. Amaya (Maisie Richardson-Sellers) e Nate (Nick Zano) estabeleceram seus lugares no time, além de finalmente concretizarem sua expectativa como um casal. Ray Palmer (Brandon Routh) e Mick Rory (Dominic Purcell), apesar de não possuírem tanto destaque individual na série, conseguiram manter o padrão de seus personagens no núcleo, resultando em bons momentos de alívio cômico, além de demonstrarem uma excelente evolução em cenas dramáticas envolvendo o passado de seus heróis.
As novas adições para a temporada foram relativamente boas, porém pecando na falta de variedade e insistência do canal com alguns nomes. Começando por termos Damien Darhk (Neal McDonough) outra vez como um dos vilões. Mesmo que dessa vez ele não passe de um lacaio de Mallus, a vontade do canal em inserir o ator no universo após a sua participação em Arrow e na segunda temporada de Legends of Tomorrow parece saturar quem assiste ao seriado.
Porém, nem só de más notícias vive o elenco do seriado. Zari (Tala Ashe) é a mais nova adição ao time dos heróis mais desajustados do universo. Uma hacker vinda do futuro e portadora de um totem mágico como o de Amaya, seu jeito resmungão e nerd acaba cativando os membros do time, além é claro, de trazer um ar mais sensível ao grupo.
Outro herói que não possuía devida importância em uma das principais séries da CW também se tornou uma Lenda do Amanhã. Trata-se de Wally West (Keiynan Lonsdale), o Kid Flash. O personagem integra a equipe a pedido de Rip Hunter após deixar o Time Flash durante a atual temporada do velocista escarlate. Por incrível que pareça, o personagem conseguiu fazer jus a sua contraparte nos quadrinhos, mostrando mais de seu lado heróico em poucos episódios de Legends of Tomorrow do que em toda uma temporada de The Flash.
A grande cereja do bolo fica por conta das participações especiais durante toda a terceira temporada. Nomes importantes como Billy Zane (O Fantasma, Titanic) e John Noble (O Senhor dos Anéis, Fringe) fizeram pequenas pontas na série. Outros personagens do "Arrowverse" como John Constatine (Matt Ryan) e Jonah Hex (Johnathon Schaech) voltam a dar as caras e adicionam grande valor a trama, inclusive dando a brecha para participações em novos episódios da próxima temporada.
Pode-se concluir que Legends of Tomorrow pertencia ao segundo escalão dos seriados de heróis da CW, porém para quem é fã de quadrinhos, gosta de referências e de tramas bem cartunescas, a série soube aceitar o seu fardo. Ela entra de vez no hall de favoritas dos fãs da CW, inclusive merecendo ser tratada com sua devida importância, não como um depósito de atores não aproveitados em outros seriados. Não assista a terceira temporada esperando encontrar algo grandioso, vá com a sensação de que encontrará algo divertido, fiel ao que foi proposto e mostrando que os heróis não necessariamente precisam ser perfeitos e famosos. Afinal de contas, existem alguns males que somente as lendas podem resolver!
Nota: 3/5
Revisado por: J.V. Vicente, graduando em jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi.