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Deadpool 2 | Crítica - Duas vezes melhor, duas vezes mais louco


Deadpool 2 provou-se um acerto da Fox depois de inúmeros fracassos no cinema de heróis. (Imagem: 21th Century Fox/Divulgação)

Dois anos após o sucesso de Deadpool nos cinemas em 2016, Deadpool 2 chega este ano para aumentar a expectativa dos fãs com a franquia. Depois de uma ótima bilheteria no primeiro longa, indo de contramão à um orçamento mais modesto, houve quem ficasse temeroso por causa da continuação. Para Deadpool 2, a 21th Century Fox aumentou consideravelmente a verba para a produção do longa, além da adição de nomes consagrados e em ascensão no seu elenco. Porém se você estava nesse meio dos preocupados achando que a produção poderia perder a sua essência, pode se acalmar. Deadpool 2 é tudo o que os fãs esperavam, com direito a multiplicação de insanidade e bom humor.

Já mostrando de início que é um filme que não se leva a sério, Deadpool 2 nos mostra a continuação do primeiro filme de forma bem direta. Acompanhamos o mercenário Wade Wilson (Ryan Reynolds) fazendo jus a sua profissão, deixando-o bem mais próximo de sua contraparte nos quadrinhos. Ao seu lado temos Vanessa (Morena Baccarin), que finalmente pode ficar ao seu lado depois de toda trama passada no primeiro longa. Mas engana-se quem pensa que esse se trata de uma história de amor como o anterior. A própria divulgação do filme (trailers e materiais promocionais) diziam que Deadpool 2 trata-se de um filme sobre família.

Mas para fazer um filme sobre família, é necessário introduzir os membros da mesma. Para isso Deadpool 2 não poupou esforços para adicionar novos e importantes nomes ao seu elenco. Começando pelo retorno de personagens que fizeram parte do primeiro longa: Colossus (Stefan Kapičić) e Míssil Adolescente Megassônico (Brianna Hildebrand) retornam como os membros oficiais dos X-Men no filme. A premissa de ambos segue a mesma, que é tornar Wade Wilson um membro dos mutantes de Charles Xavier. A mudança nos personagens é pouca se compararmos com o primeiro filme de Deadpool, mas o teor cômico do politicamente correto Colossus, juntamente com o humor ácido e mal-humorado da Míssil, garantem um bom divertimento.

Brianna Hildebrand retorna como Míssil Adolescente Megassônico, mostrando que sua persoangem evoluiu mas segue ranzinza. (Imagem: 21th Century Fox/Divulgação)

Fuinha (T. J. Miller), Al Cega (Leslie Uggams) e Dopinder (Karan Soni) também estão de volta para a continuação. Evidentemente que todos ganharam maior destaque, visto o sucesso que suas participações obtiveram com o primeiro filme. Fica nítido também que o personagem de T.J. Miller acabou perdendo alguns minutos de tela, já que o ator está envolvido em escândalos de abuso sexual, o que prejudicou sua imagem e levou o estúdio a tal decisão. Inclusive, especula-se que o mesmo não estará envolvido em caso de um terceiro filme do Deadpool ou da X-Force. Na contramão disso, Karan Soni e sua interpretação como Dopinder superam todas as expectativas, trazendo um personagem carismático e que aos poucos vai ganhando o ar de um dos favoritos dos fãs.

A personagem Al Cega (Leslie Uggams) segue funcionando perfeitamente como alívio cômico nas cenas de Wade Wilson sem uniforme. (Imagem: 21th Century Fox/Divulgação)

Quanto as novas adições do filme temos que separar as principais e as recorrentes. Cable (Josh Brolin) foi sem sombra de dúvidas o personagem que conseguiu roubar a cena no filme. A adaptação cinematográfica do mutante do futuro ficou perfeita, tanto em grau de atuação quanto ao CGI utilizado. Vindo de um dos maiores papéis de sua carreira, Thanos, em Vingadores: Guerra Infinita, o ator soube manter a qualidade e passar aos fãs o nível de temor e seriedade que Cable possui, sendo basicamente o oposto de Wade Wilson. Uma das maiores polêmicas em torno do filme se deu quando Zazie Beetz foi escolhida para interpretar a mutante Domino. Alguns fãs alegaram (de maneira errônea, na minha opinião) que a atriz não possuía visual parecido com a personagem. Mas seja lá qual for a dúvida que você possuía em relação a interpretação de Zazie pode jogar fora. Ela conseguiu trazer uma Domino carismática para as telonas, conseguindo adaptar da maneira mais crível possível os poderes da mutante e ainda agregando valor ao time da X-Force, além de tornar-se fiel companheira de batalha para Deadpool.

Impossível não se apaixonar e criar um vínculo com a Domino de Zazie Beetz. (Imagem: 21th Century Fox/Divulgação)

Também envolto na trama principal temos Rusty Collins (Julian Dennison), um mutante que sofre abusos em um orfanato e acaba se revoltando contra a sociedade em busca de vingança. Utilizando-se do alter ego "Firefist" (Punho de Fogo em português), ele pode atirar rajadas de fogo das suas mãos e braços. Seu personagem possuí uma trama dramática importante para a resolução do filme, mas seus principais papéis de destaque ficam por conta dos diálogos e situação vívidas com Wade Wilson ao longo da produção. Apesar de não obter tanto destaque quanto outros personagens no filme, a projeção é de que o jovem ator e seu papel como mutante venham a crescer nas possíveis sequências. A fim de evitar spoilers e fazer com que todos aproveitem ao máximo a experiência de Deadpool 2, aqui vai um breve resumo: as participações de Terry Crews, Bill Skarsgard, Rob Delaney, Lewis Tan e Shioli Kutsuna são curtas, porém impactantes e muito divertidas.

O mutante Firefist é Rusty Collins (Julian Dennison), que possui o poder de atirar fogo pelos braços e mãos. (Imagem: 21th Century Fox/Divulgação)

Indo de encontro ao personagem principal da trama, Deadpool apresenta um repertório muito maior do que em seu primeiro filme. É notável que muitas cenas são feitas com Wade Wilson sem seu uniforme, o que na minha opinião trata-se de uma estratégia de mostrar mais o ator Ryan Reynolds. Porém um fato inegável é que o mercenário tagarela está mais ácido, mais politicamente incorreto e muito mais agressivo. As sequências de batalhas são muito bem feitas, empregando muito bem o CGI nas cenas mais absurdas, e excelentes coreografias com os dublês. Inclusive falando especificamente da computação gráfica em Deadpool 2, o filme conseguiu utilizar esse recurso com melhor qualidade em comparação ao primeiro longa (muito por conta do maior orçamento disponibilizado pela produção). Inclusive os problemas do flime, com roteiro e CGI, são justificados pelo próprio personagem principal ao fazer a quebra da quarta parede. Inúmeras são as vezes na qual Wade Wilson brinca sobre empregar melhor o dinheiro da computação gráfica ou na contratação de novos roteiristas. No fim das contas, esses problemas não afetam a experiência do espectador, gerando um bom entretenimento.

Um outro pecado (caso você considere as piadas de roteiro e CGI como itens negativos) que pode ser encontrado no filme é o excesso de piadas e referências. O longa usa e abusa desse elemento, pegando itens da cultura pop, filmes de heróis e principalmente do universo mutante da Fox. É claro que muitas delas são bem feitas, inclusive com participações especiais para entrar na história. Mas muitas acabam ficando sem sentido e pecando pelo excesso. Se você não é uma pessoa muito antenada nesse universo, recomendo que não assista o filme legendado, uma vez que a tradução fica limitada com muitas expressões e referências tipicamente americanas. Nesse caso a dublagem brasileira acaba por fazer um excepcional trabalho, onde adapta tudo ao bom e velho linguajar de piadas nacionais.

Deadpool 2 está longe de ser o maior e melhor filme de heróis da história, além de ter o "azar" de ser lançado no mesmo ano de Vingadores: Guerra Infinita. Mas para quem busca um filme de heróis (no caso anti-heróis), com um bom divertimento adulto, piadas escrachadas, altas doses de violência e excesso de referências, esse é o filme para você. Não espere um filme sério, afinal de contas, o próprio personagem principal não se leva a sério e nos diz que o filme é sem sentido. Porém em um mundo onde o humor de qualidade anda em falta, é bom ver que existe escapatória de qualidade no cinema, e este filme faz isso com louvor, trazendo no final das contas uma verdadeira história sobre família. Louca, porém mesmo assim uma família.

Nota: 4,5/5

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