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Alexandre Agassi

Bate-papo - 50 Anos de 2001: Uma Odisseia no Espaço - Evento


Na noite de ontem, dia 21 de maio, para celebrar os 50 anos do clássico da ficção científica, 2001: Uma Odisseia no Espaço, a editora ALEPH em parceria com a TODAVIA realizou um bate-papo a respeito do filme. O evento ocorreu no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, localizado no centro da cidade de São Paulo, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Para a conversa, as editoras convidaram a atriz e cineasta Marina Person, a blogueira Raquel Moritz, do Pipoca Musical, e o jornalista Marcelo Hessel, do site Omelete, com mediação de Nathan E. Fernandes, editor da revista Galileu. Além disso, também foi lançamento do livro da TODAVIA, 2001: Uma Odisseia do Espaço - Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke e a criação de uma obra-prima, do autor Michael Benson, que conta a história da produção do filme, assim como traz uma análise da película.

Como membro da Be Geeks e, sobretudo, fã de carteirinha da obra-prima de Stanley Kubrick, não pude deixar de ir neste evento. Cheguei ao local por volta das 19h30, já que o evento estava marcado para às 20h. Acabei me atrapalhando um pouco para encontrar o teatro, lembrando que aquela livraria é assustadoramente imensa, mas logo achei a fila de entrada. Adquiri meu ingresso (que era gratuito) e esperei um pouco até abrirem as portas para as pessoas se ajeitarem.

Em linhas gerais, o bate-papo foi sucinto e direto. E apesar de ter no aviso que o evento duraria até às 22 h, as quais eu esperava que fossem adentro, pois 2001 é um filme que permite uma discussão sem fim, a conversa terminou 21h30 surpreendentemente. Ao final, ainda contaram com uma sessão de perguntas abertas ao público na intenção de agregar novas pautas para o debate e torná-lo mais interativo e democrático, e por último houve um sorteio que incluía um Blu-Ray do filme, exemplares da ALEPH da obra de Arthur C. Clarke e Stanley Kubrick, a mais nova edição da Galileu sobre ficção científica e o novo livro de Michael Benson da TODAVIA.

Mesmo assim, foi uma discussão muito produtiva, a qual tive a oportunidade de aprender e tentar enxergar o longa com outros olhos. Porque 2001 é isso, é um filme diferente para cada um ou para uma mesma pessoa a cada fase de sua vida. Trata-se de uma película que merece o título de "obra-prima do cinema". É um longa que agrega novos significados, e que se permite fazer várias leituras de seus simbolismos e mensagens deixadas nas entrelinhas. Mas nada disso seria se não fosse a sua relevância histórica.

Até 1968, filmes de ficção científica eram sinônimos de histórias fantasiosas, desde montros até robôs que vinham atacar a Terra. Foi apenas com 2001 que deu-se uma nova forma ao gênero. Ele se responsabilizou por trazer novas pautas, como a questão da evolução do homem e o conflito homem versus máquina. Ao mesmo tempo que as histórias se passariam no futuro, porém com problematizações da realidade atual. Foi dessa maneira que pode-se perceber o contexto da Guerra Fria e da corrida espacial inserida no filme.

A magia de ver 2001: Uma Odisseia no Espaço

Foi no meio da sessão de perguntas que vi esta mulher comovida, contando sua história: Cristina Cruz, 61 anos, que teve o incrível privilégio de assistir ao filme quando tinha apenas 11 anos assim que ele foi lançado no Brasil em 1968. Logo que saí do teatro ao fim do bate-papo, ela aparece pouco depois de mim. Aproveitei e pedi para ela dividir comigo um pouco de sua experiência com o filme. Confira na íntegra abaixo:

"2001 em 1968 quando ele saiu, ninguém sabia o que ele era, todo mundo foi assistir sem ter noção do que era. E eu sempre gostei de cinema e fui assistir com 11 anos o 2001 sem ter noção... e nem sem pensar intelectualmente o que era. Eu fui experiência de assistir um filme como outro qualquer, como um Inferno na Torre e outras coisas que fui ver depois. E aí de repente, aquilo foi um impacto visual muito grande e o impacto da coisa do futuro que a gente tinha do desenho animado dos Jetsons, e aí era uma outra visão de futuro. Pensar em vida inteligente de máquina, ninguém pensava, a não ser a babá dos Jetsons. E aquela coisa do macaco e da vida inteligente, aquilo era uma junção de repente daquilo que você aprendia na escola, que o homem vinha do macaco. E aí você tirava um pouco daquela história da religião de que o homem foi criado por Deus. Então aquilo foi uma coisa super importante para todo mundo. E a experiência psicodélica das imagens, né. Então aquilo foi um impacto, todo mundo saiu do cinema abobalhado, sem saber. Hoje se discute muito, mas naquela época não se discutiam nada."

Terminada a entrevista com ela, retornei ao teatro, agora quase vazio, e me deparo com Marcelo Hessel ainda lá. Me aproximei dele, e o abordei, que me recebeu com uma enorme educação. Fiz uma pergunta bem semelhante a ele, dessa vez a respeito de suas primeiras impressões e da magia que via em torno do filme de Kubrick quando assistiu pela primeira vez quando tinha apenas 18 anos:

"Eu vi em casa em VHS ou DVD, não lebro se já tinha DVD nessa época. Acho que era VHS ou alguma coisa assim. E a TV ficava longe do sofá e não tinha nada para emular uma sala de cinema assim. E mesmo assim, o filme foi muito impactante, especialmente do meio para o fim. HAL, o senso de ameaça e depois toda a piração psicodélica, que era uma coisa que eu não tinha contato na época. Então pra mim foi muito impactante visualmente principalmente."

Para terminar, alguns podem acusar o longa de chato, pretensioso ou parado, porém 2001: Uma Odisseia no Espaço tem seu jeito peculiar. Kubrick propôs sugestões e indagações a respeito de nossa sociedade atual. E teve a "nobre" ousadia de não dar uma conclusão a eles. Gostando ou não, trata-se de um filme que merece tamanho respeito pela sua coragem e pelo seu legado que inspirou todas as ficções científicas que vieram em seguida. De Blade Runner até o mais recente A Chegada, é difícil imaginar algum filme do gênero que não esbarre em pelo menos um tema que 2001 não tenha introduzido em 1968.

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