Alita – Anjo de Combate | Crítica - “Eu não ficarei parada diante da presença do mal!”
Dirigido por Robert Rodriguez (Pequenos Espiões, Sin City, Machete), dos produtores James Cameron e Jon Landau (Titanic e Avatar) e baseado no mangá de Yukito Kishiro, Alita - Anjo de Combate conta a história de uma guerreira ciborgue encontrada por um cientista que a reconstrói. Sem memória de quem é, a garota começa a busca pelo seu passado lutando contra os criminosos e corruptos da cidade de ferro.
O filme apresenta uma história linear, porém com algumas falhas e imprecisões. O roteiro de James Cameron e Laeta Kalogridis consegue não só ser fiel ao material original, como também eficiente ao adaptar a história. No aspecto da “jornada do herói”, Alita é uma garota que já nasceu guerreira, e que já tem a capacidade e a determinação para combater o mau. Embora isso não basta para a construção da personagem, a qual deve trilhar caminhos de descobertas, desafios e sacrifícios que a levam a se tornar na figura suprema da heroína que aquele mundo necessita.
A fotografia e o visual do longa é um retrato das páginas de mangá futuristas, ao mesmo tempo que consegue imprimir certa realidade. Isso se deve pelo contraste balanceado entre cenários e objetos reais e digitais.
O filme é uma excelência em efeitos visuais. Assim como em Avatar, James Cameron mais uma vez se destaca pela meticulosa computação gráfica capaz de construir objetos e seres críveis. É difícil estar amaciando o ego já inflado de Cameron, mas apesar de não ter humildade alguma, o cineasta não mente ao dizer que seus efeitos de computação são mais realistas. O CGI desse filme é conduzido com maestria. Os cenários e objetos digitais não são primorosamente realistas ou palpáveis, mas se encaixam no ambiente que estão inseridos.
A captura de movimentos da protagonista Rosa Salazar (Maze Runner: A Cura Mortal, Bird Box e CHiPs: O Filme) é excelente. A artista atua com tamanha intensidade por baixo daquela imagem computadorizada. Junto com o Thanos de Josh Brolin, Alita é uma personagem de captura de movimentos muito expressiva e cuidadosamente desenvolvida.
Os coadjuvantes do filme têm um tempo de tela curto, mas bem trabalhado. O professor Dyson Ido, personagem de Chistoph Waltz (Bastardos Inglórios), desempenha não só uma figura paterna, como também alguém em busca de redenção. Junto com ele, destaca-se o ator Keean Johnson (Spooksville), que interpreta Hugo, o interesse amoroso da protagonista. O garoto é um personagem complexo. Ele não só tem um papel grande no desenvolvimento pessoal de Alita, bem como é um retrato da realidade abordada no longa. O rapaz é um fruto do ambiente em que cresceu e serve para o público refletir em relação a problemas de desigualdade social.
Diferente de Ido e Hugo, a qualidade dos personagens coadjuvantes não está presente nas figuras de Chiren e Vector, interpretados por Jennifer Connelly (Uma Mente Brilhante e Noé) e Mahershala Ali (Moonlight: Sob a Luz do Luar e Green Book: O Guia). A personagem de Connelly é rasa e apresenta uma motivação clichê, para no final do filme sofrer uma virada mal construída.
O vilão Vector é, como dito no próprio longa, uma marionete. O personagem é apenas um gangster pilantra de alto escalão que responde a alguém muito maior. O personagem poderia ser interpretado por qualquer ator mediano. O papel é esquecível e um desperdício do talento de Mahershala Ali. A única justificativa plausível para terem escolhido o ator ganhador do Oscar para um papel tão raso é a questão do marketing. Os vilões genéricos de Ed Skerin (Deadpool) e Jackie Earle Haley (RoboCop e Watchmen) fazem um trabalho melhor como antagonistas.
Robert Rodriguez mostra como sabe balancear ação e drama, de fato. O modo como o diretor conduz pode ser o que as adaptações de mangás precisam afinal. O longa é profundo e também eletrizante, com momentos de tirar o folego. O único exagero são os excessivos movimentos de câmera em algumas cenas de luta. A trama deixa um final em aberto que pode desapontar o espectador que espera uma história conclusiva, porém se o filme tiver uma sequência, pode se dizer que foi pavimentado um caminho eficiente.
Ao se tratar de uma adaptação de mangá, Alita é bem corajoso, e sabe montar um cenário crível e fascinante. O espectador que ainda está traumatizado com o fiasco de A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell não precisa ter grandes preocupações em relação à esse longa. Diferente do filme de Scarlett Johansson, Alita já é um dos preferidos dos fãs e foi considerado pelo próprio Yukito Kishiro como o melhor filme que existe.
Nota: 3,5 / 5
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