Bird Box | Crítica – Suspense e tensão na dose certa
Um dos filmes de maior investimento da Netflix em 2018, tanto na produção quanto na divulgação, Bird Box foi exibido com exclusividade na CCXP 2018 ( embora o seu lançamento mundial ficou marcado para 21/12). Apesar de não ser novidade, o forte investimento da gigante dos streamings em filmes originais, este acabou por chamar mais a atenção devido a um nome no elenco: Sandra Bullock, vencedora do Oscar de melhor atriz em 2010 pelo filme ‘Um Sonho Possível’. O longa é baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo autor Josh Malerman, em 2014, e com direção da dinamarquesa Susanne Bier, vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011 por ‘Em um Mundo Melhor’. Bird Box se inicia com uma narrativa não linear, que explora Malorie (Sandra Bullock), mostrando diferentes períodos de sua vida até o momento do ocorrido presente na trama. O foco principal é mostrar como ela atravessa um rio com os olhos vendados estando com duas crianças (chamadas apenas de Menino e Menina até o fim do filme), além do que a levou a tomar tal atitude. Isto posto, o que ocorre no mundo é um surto repentino onde as pessoas conseguem ver uma entidade (que por sinal é invisível) e ela revela os piores pesadelos nos quais essa pessoa já passou, resultando em suicídio. Para evitar de serem pegos pela entidade, todos os sobreviventes usam vendas, cobrem portas e janelas, e vivem isolados do mundo. Na contramão disso, pessoas com problemas mentais ou criminosos psicopatas conseguem ver a entidade sem sofrer nenhum dano, fazendo com que eles saiam caçando os sobreviventes para que possam ver “a verdade” do mundo.
A profundidade com a qual Sandra Bullock se joga nesse papel é brilhante, uma vez que conseguimos analisar toda a trajetória da personagem. Malorie é uma mulher na casa dos 40 anos, solteira e que está grávida do ex. Se isso não bastasse, descobrimos que ela possui um bom relacionamento com sua irmã e mãe, porém o mesmo não pode ser dito de seu pai, com quem sofreu diversos traumas na infância. Sua postura como uma mulher independente e moderna, a maneira como lida com a gravidez sendo mãe solteira e sua força de vontade fazem com que Sandra Bullock muitas vezes interprete mais de um papel com o mesmo personagem.
Outro bom ponto de Bird Box se dá pela escolha de inspiração em referências recentes no suspense e terror. Remete-se muito ao filme ‘Um Lugar Silencioso’, de John Krasinski, com uma abordagem pós-apocalíptica e com momentos de muita tensão. Não saber em quem poder confiar, a necessidade da sobrevivência e fazer de tudo para proteger os entes queridos são clichês que estão em alta atualmente. E, logo, acabam sendo bem digeridos e aceitos pelo público.
Entretanto, a escolha do elenco de apoio ficou abaixo do que se esperava. A partir do momento que se monta um filme com Sandra Bullock no papel principal, além de investir pesado nas campanhas de marketing, espera-se que o casting seja bem executado. Todavia, os atores coadjuvantes não conseguem sequer chegar perto do nível de atuação de Bullock. Aliás, é totalmente compreensível não conseguir gerar empatia com nenhum personagem além de Malorie e as crianças, visto que a trama é focada basicamente neles durante todo o filme.
Bird Box é mais um acerto da Netflix na produção de conteúdos originais, embora deve-se levar em conta que a escolha de Sandra Bullock como protagonista tenha um peso muito grande para isso. É o típico filme que tem tudo para dar certo no serviço de streaming, já que caso fosse para as telonas, dificilmente teria o mesmo apelo e consumo que o marketing da empresa conseguiu colocar para a produção. Um longa bem feito, com boas atuações, suspense e tensão na dose certa, além de mais um excelente trabalho de Sandra Bullock. Nota: 4/5
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