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Alexandre Agassi

Como um cenógrafo tornou-se no maior vilão de Twin Peaks?


Não tem como falar de séries sem abordar Twin Peaks. Os mais aficcionados pela série podem até mesmo dizer que os shows para TV se dividem entre os que vieram antes e depois de Twin Peaks. Mas, dos eventos bizarros em que ocorrem, Bob era a figura mais enigmática e aos poucos tornou-se a peça central. Transmitido originalmente em 8 de abril de 1990 na emissora ABC nos EUA, o episódio piloto de Twin Peaks apresenta personagens excêntricos ao estilo de uma novela comum situada numa cidade pacata quando tudo gira em torno do assassinato de Laura Palmer (Sheryl Lee), a garota mais bonita e popular. O que ninguém imaginava era que, ao gravar uma das cenas, a imagem do cenógrafo Frank Silva vazou em um reflexo da câmera. O diretor David Lynch viu o erro, mas não quis filmar novamente porque havia gostado do resultado.

Bob foi a ponte inicial que liga o universo comum de Twin Peaks com o mundo “bizarro” da série e, conforme sabemos mais e mais a respeito do Black Lodge e do White Lodge, as criaturas sobrenaturais que lá viviam, então também que Bob era um ser do Black Lodge e um dos responsáveis pelo assassinato de Laura Palmer. Com isso, a segunda e última temporada da série original termina no clímax do confronto entre o agente Dale Cooper (Kyle MacLachlan) com Bob dentro do Black Lodge. Infelizmente, foram 30 anos até saber a resolução com a continuação lançada em 2017, Twin Peaks: The Return.

Frank Silva já havia trabalhado com David Lynch em Duna (1984) e Corações Selvagens (1990) e, portanto, já conhecia o estilo do cineasta. Porém, ele se consagrou com o seu rosto repleto de fúria como o assassino Bob devido a Twin Peaks.

Lynch tem uma visão muito única artisticamente e deixou que um pequeno incidente virasse o antagonista do seriado, como um borrão não intencional num quadro e o artista permite que essa mancha seja incorporada a obra final.

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