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  • Matheus Bragante

Crítica | Alan Wake 2 - 100% platinado

Atenção! O diferencial das análises do nosso colaborador Matheus Bragante, será o aspecto total de um game ou seja: teremos a mesma forma de linguagem e análise conforme as outras matérias, porém o jogo analisado, sempre será platinado, com o intuito de poder trazer uma melhor opinião com o conhecimento de 100% do jogo conforme a desenvolvedora queria, então caso as análises demorem um tempo maior, é por conta disso.


Agora, bora para a análise!


INTRODUÇÃO


Alan Wake 2, é um jogo de terror/ação, desenvolvido pela Remedy Entertainment e distribuído pela Epic Games e é uma continuação direta a Alan Wake lançado exclusivamente em 2010 para Xbox 360 e foi recentemente remasterizado para novas plataformas, como Playstation 4/5, Xbox One/Series, Nintendo Switch e PC. Também se conecta a Control, lançado em 2019 e é o terceiro jogo que faz parte da Remedyverse.

JOGABILIDADE


No jogo, você pode andar e correr, sacar sua lanterna, mirar, atirar, escalar certas partes do mapa, desviar de ataques inimigos, gerenciar seu inventário no formato de Resident Evil, acesso rápido a armas e itens de cura e acessar seu Lugar Mental/Quarto do Escritor.


O Lugar Mental, de acesso exclusivo a Saga, é um recurso de gameplay muito interessante, pois deixa o jogador descobrir certas pistas para o caso que são relevantes e visualmente o dossiê vai se expandindo, gerando deduções e no final acarretam momentos de perfilamento de suspeitos, vítimas, entre outros. Esse perfilamento, de início, é um pouco confuso para o jogador, pois a Saga em sua apresentação na história, é uma pessoa, pé no chão, totalmente normal e não tem aquele elemento lúdico tal qual o Alan de moldar a realidade possuí, porém, tudo é explicado depois ao decorrer da história e faz todo o sentido no final.


O Quarto de Escritor é de uso exclusivo de Wake, é relativamente igual ao Lugar Mental de Saga, porém você não expande um dossiê de um caso e sim usa de um cenário relevante na história e cria diversas situações para a mesma, como a cada escrita diferente, altera a realidade, consequentemente, o cenário também, te permitindo seguir em frente em caminhos antes bloqueados, pois naquele contexto é relevante você seguir por aquele caminho.


Acredito que seja o grande diferencial desse jogo essa mecânica e um dos pontos positivos em geral que mais me agradou, mas adianto que ele não pausa o jogo, se você estiver lutando com inimigos e abrir o Lugar Mental ou Quarto do Escritor sem querer, você vai dar uma brecha para a IA que é relativamente desafiante caso você não use alguns power-ups (pingentes para Saga ou Palavras de Poder para Alan) e vai tomar dano.


Sobre tempo de resposta, não senti nenhum atraso, estava jogando com o Dualsense sem fio a uma distância razoável e não senti engasgos ou lentidão na hora de mirar, ou mesmo um aim-assist muito forte na hora de enfrentar os inimigos, ele é bem intuitivo, pois o jogo te dá a oportunidade de personalização e tempo para se adaptar aos controles e sensibilidade na mira que também pode ser ajustada.

GRÁFICOS


Sobre gráficos, realmente o jogo é muito lindo, segue o padrão da Remedy em serem pioneiras em trazer novas tecnologias e terem atualmente em 2023 o posto de benchmark para placas gráficas como RTX 4090, de tão pesado em questões de fidelidade ele é. O motor Northlight é muito competente em fazer o jogador sempre falar uau a cada mudança de cenário e reparar nos reflexos, iluminação e na qualidade das expressões faciais dos personagens, que são necessários serem bem feitos para refletir convincentemente a emoção do personagem para aquele momento específico e um suspiro ao monopólio da Unreal Engine 5 que tá complicado de defender, bravo Remedy, bravo.


Uma escolha de design interessante é o uso de vídeos com os atores em momentos da história, aos mesmos moldes de Control, onde o vídeo se sobrepõe ao gameplay, seja em tela cheia para os recursos de jumpscare, ou em cantos da tela nos momentos de foco apresentados no game.


SOM E MÚSICA


No momento em que estou escrevendo essa análise, estou debruçado no Spotify ouvindo as Chapter Songs de tão boas que são, elas são apresentadas em todo o fim de capítulo durante o jogo e valem a pena serem ouvidas. Todas são autorais e merecem um grande destaque por seu ritmo. Para meu gosto pessoal, são ótimos para ouvir no ônibus ou no metrô, indo para um rolê ou ao trabalho e simplesmente quer relaxar e prestar atenção ao apresentado.

Mais para frente, vou falar sobre os Old Gods of Asgard, uma banda criada pela própria Remedy para seus jogos e que novamente alcançam seu estrelato com músicas extremamente fodas.


Os efeitos sonoros das paisagens, dos inimigos, do cenário ao redor do jogador, são ótimos também, de alta qualidade e trazem muita imersão ao jogador, joguei do início ao fim com fones de ouvido e posso dizer que é recomendado, principalmente no PS5 com seus recursos de áudio 3D que nesse jogo são muito bem aplicados.


HISTÓRIA


Chegamos ao ponto crítico que é a história, vou me abster de dar qualquer tipo de spoilers, pois definitivamente não quero estragar a experiência de vocês, porém o jogo em seu núcleo, incluindo a gameplay, gira em torno de sua história e acredito que a imagem abaixo represente muito sobre o que a história é no fim das contas.

O jogo se inicia com o Alan realizando um monólogo filosófico sobre como funciona uma história de terror e avisando que tudo que irá acontecer, não era da forma que ele esperava, o que é estranho, já que no primeiro jogo fica implícito que tudo que ele escreveu em seu manuscrito virava realidade e finaliza dizendo que essa história nos devorará vivos e que ela tem muitas faces.


Logo depois, já entramos em gameplay com um homem nu, desconhecido, que acabou de sair de um rio e está confuso, se perguntando onde está e o jogo aproveita esse momento para dar o tutorial de movimentação do personagem. Durante o caminho, ele começa a ver algumas coisas perturbadoras e, no final, é perseguido por pessoas vestidas com um sobretudo preto e máscaras de cervo. O mesmo é encurralado em uma mesa e acaba sendo morto de uma maneira brutal que dá um bom impacto logo no início do jogo.


Após isso, somos apresentados à segunda protagonista do jogo, Saga Anderson, que é uma integrante do FBI, não foi apresentada na franquia antes e tem uma filha e um esposo.


Também somos apresentados a Alex Casey, figura emblemática da franquia, citada no primeiro jogo como sendo o protagonista dos livros de Wake, que geraram sua fama e que foi o motivo de ele ir para Bright Falls em primeiro lugar. Ambos irão investigar o caso sobre a morte do homem que não vou revelar quem é, pois, é impactante caso você tenha jogado o primeiro jogo, descobrirão sobre certos rituais que acontecem na cidade e que foram responsáveis pela morte do homem em questão, enfim, uma vibe muito CSI e Criminal Minds em questões investigativas.

Inevitavelmente, você vai encontrar Alan durante a história de Saga e nesse ponto ela se divide. Aqui fica minha crítica não à história em si, e sim sobre como ela é conduzida. Ela funciona perfeitamente mantendo duas narrativas no mesmo tempo e espaço, inclusive automaticamente alterando entre uma realidade e outra, fica muito explícito isso, porém a partir do capítulo 5, você pode mudar a realidade a qualquer momento e isso me decepciona muito, pois toda a construção feita nos capítulos posteriores jogando com Saga com o objetivo para uma reviravolta no capítulo 10 é totalmente arruinado, o jogador fica só esperando o grande plot acontecer e não dar o devido valor a história de Saga como um todo.


Minha recomendação é, jogue com a Saga até o momento em que a história de Wake precisa acontecer para que, no fim, possam convergir e gerar o capítulo final que é emocionante, deixe que o jogo faça as trocas de realidade por conta própria.

Todos os personagens são muito bem desenvolvidos, desde os mais secundários possíveis, até os principais, tem o retorno de pessoas muito marcantes para a Remedyverse, o que evidencia mais ainda essa ligação entre os games.


Uma personalidade em específico que quero comentar bem rapidamente é a de Casey. O ator é o mesmo que fez o primeiro Max Payne, lá no início dos anos 2000, inclusive sendo o primeiro jogo dublado no Brasil, não faz parte da Remedyverse, é um jogo da Rockstar, IP é deles e tudo o mais, porém em uma boa sacada, ambos são detetives e ambos têm a mesma personalidade, os mesmos comentários ácidos e para diferenciar, Casey é viciado em café enquanto Payne é viciado em analgésicos.

A Old Gods of Asgard é muito importante para a história, pois a mesma dá um novo significado para a arte, usando os elementos sobrenaturais da história a mesma traz uma reflexão de que arte continua sendo arte mesmo que seja representada de uma forma negativa (escrita que molda a realidade para uma de terror) e de uma forma positiva (as canções performadas pela banda), inclusive a canção Herald of Darkness que toca dentro do jogo em um capítulo com o Wake, exemplifica isso.


Sobre o grande vilão, ele não é um Thanos da vida, que seu objetivo é matar milhões para salvar bilhões, porém eu consegui de certa forma me identificar e aceitar o que o jogo estava propondo para mim, pois todos temos isso, e da melhor maneira possível, mostrada na história bem no final, nos mesmos moldes de A Piada Mortal, basta apenas um dia ruim, que tudo vai pelos ares.


LEVEL DESIGN


O jogo não apresenta um HUD de bússola e o mapa não aparece magicamente no inventário do jogador, o mesmo tem que explorar e encontrar, o que não foi difícil, pois por mais que todos os cenários e mapas sejam diferentes e fáceis de se localizar, durante minha gameplay coletando colecionáveis me perdi algumas vezes dentro da floresta, que visualmente é espetacular e densa e é inevitável sob algumas circunstâncias de iluminação, principalmente de noite, se perder.


REPLAYABILIDADE


O jogo não tem um NG+ ainda, foi prometido a adição em um futuro próximo e não tem seletor de capítulos, o que é uma pena, pois o capítulo 9 com a Saga focado no asilo é o melhor do jogo, pois ali juntou todo o conhecimento de cenário horripilante, idoso possuído, efeitos sonoros e deram uma surra em muitos filmes de terror lançados esse ano, tanto que joguei esse capítulo inteiro de olhos semi cerrados de tão peidão que fiquei.


Missão secundária relevante são apenas as Cantigas da DFC com a Saga, que no final estreitam ainda mais essa conexão entre Control e Alan Wake com um desfecho que valeu o esforço, mas nada tão uau quanto em um capítulo específico com o Wake na missão principal.


É necessário coletar todos os colecionáveis para a platina.


DESEMPENHO E ASPECTOS TÉCNICOS


O jogo aqui degringola de uma maneira fenomenal, joguei no PS5 em uma tela 4K com VRR ativado no modo desempenho e mesmo assim tive problemas de cortes na tela (screen tearing) pois o jogo ficava abaixo dos 48 frames e o VRR não era mais efetivo nesses momentos, e isso aconteceu várias vezes, seja em gameplay normal ou em combate. Porém, tudo bem, é um jogo pesado, lindo, tem ray-tracing e usa a tecnologia de mash shaders, novamente pioneira de benchmarks, porém o pior são os bugs de progressão na história que sofri.


Um jogo desse porte ter bugs visuais ou de IA, acontecem, porém, faltou uma atenção na hora do Q&A que deixou o jogo in jogável por 3 dias para mim, e bem no final da história, apenas no patch do dia 17/11 que resolveu meu problema, ou seja, quase 1 mês depois do lançamento do jogo e isso é inaceitável, principalmente jogando em um console onde não se podia editar o save para desbugar e continuar o jogo, tinha que se esperar o patch e ponto.

CONCLUSÃO


O jogo é o melhor da Remedy, mesmo platinando o, Control e suas DLC’s, ainda assim tem um toque de aprendizado em momentos que me deixavam com sono em Control e no geral deixou o jogo muito mais divertido e apreciável do que imaginava.


Dito isso, o jogo, em minha opinião, é merecedor sim de indicações, hype, notas altas no Metacritic e tal e ganhar até alguns prêmios individuais no TGA, porém Game of The Year, não. Bug de progressão na história, que demorou quase 1 mês para se corrigir não é aceitável em nenhuma ocasião e tivemos jogos que sofreram por questões de desempenho em outras plataformas que foram totalmente esquecidos nessas premiações, veja Arkham Knight e o mesmo deve acontecer com Alan Wake 2 até para a desenvolvedora usar isso como ensinamento e vir com tudo para Control 2 e papar essa taça, pois merecem.

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