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Paulo Lídio

Lúcifer: Estrela da Manhã – Peça de teatro | Crítica: Um misto de quadrinhos e série, porém original


Um dos heróis mais poderosos dos quadrinhos da DC com o selo Vertigo, Lúcifer é um personagem de muito sucesso na editora. Aliás, a popularidade do personagem foi tanta, que o demônio acabou ganhando uma série live action, levemente baseada nos quadrinhos. Porém, o que esperar de uma peça de teatro que tem como base as HQs e também a série?

Produzida pela Dark Star Produções, com dramaturgia de Paulo Rodrigues e direção de Marcelo Masso, o espetáculo Lúcifer: Estrela da Manhã apresenta o personagem principal em seu piano bar LUX, onde ele resolve passar seus dias na Terra após renunciar ao trono do inferno. Com o ator Yago Senciani no papel de Lúcifer, é possível notar seu talento e profundidade ao interpretar o diabo. O anjo caído mantém seus dilemas e virtudes dos quadrinhos, onde não é nem um vilão ou muito menos um herói, mas apenas uma entidade justa. Todavia, não se pode negar as referências e trejeitos da série Lúcifer, onde o Yago consegue captar sua essência astuta e sedutora, onde em vários momentos torna-se impossível saber das reais intenções do príncipe do inferno.

Apesar de não trazer os já tradicionais Amenadiel e Mazikeen, presenças constantes nos quadrinhos e série, o espetáculo soube se adaptar de maneira digna e original. Interpretando o anjo Tsaphkiel, irmão de Lúcifer, o ator Ronney Thiago ilustra a contraparte do que prega o anjo caído. Um servo fiel, que não abdica dos seus princípios perante Deus e que não concorda em nada com o que faz seu irmão, seja no inferno ou na Terra. Claro que a descrição acima combina perfeitamente com o anjo Amenadiel, mas é importante ressaltar: Nas mãos de Ronney Thiago é possível obter o melhor meio termo possível do personagem, tirando a loucura dos quadrinhos, entretanto mantendo a sanidade e fé do seriado.

Não existe maneira de realizar qualquer adaptação de Lúcifer sem citar ou mostrar sua fiel escudeira Mazikeen. Aos leitores da HQ torna-se nítido a dificuldade em se adaptar uma personagem tão densa e cartunesca. Porém, sua contraparte do seriado ganhou destaque relevante, tornando-se uma das favoritas dos fãs em pesquisas de audiência. No espetáculo quem fica a cargo da serva fiel do senhor do inferno é a atriz Shayy Freitas, adaptada com o nome de Gabriele, que a princípio ilude a plateia ao nos transmitir a sensação de ser apenas mais uma criatura nas mãos de Lúcifer. Mas, durante o desenrolar da trama, sua presença torna-se fundamental, em certos momentos roubando a cena, tornando-se quase que uma interlocutora dos dilemas entre Lúcifer e Tsaphkiel. Aliás, sou contra realizar comparações entre mídia diferentes, entretanto, a Gabriele do teatro segue em disparado na minha lista de preferência em relação a personagem Mazikeen dos quadrinhos.

O ser humano segue seus dilemas entre certo e errado, bom e mal, paraíso e inferno, etc. Todo dia somos apresentados a diversos dogmas e doutrinas, sem sabermos ao certo no que ou quem acreditarmos. A peça Lúcifer: Estrela da Manhã não resolve as nossas dúvidas, mas, no mínimo, garanto que ao menos nos faz refletirmos em relação a nossa fé. Indo mais além, nos testes que passaremos na vida, sem saber ao certo o que está correto ou errado. Nota: 5/5 Mais Informações: Top Teatro - Rua Rui Barbosa, 201 – Bela Vista Em cartaz todas as quintas-feiras, às 21h00, até o dia 22/11/2018 Ingressos – Inteira R$60,00/Meia R$30,00 www.aloingressos.com.br

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