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Alexandre Agassi

O Primeiro Homem | Crítica - Empolgante e inspirador!


O Primeiro Homem | Crítica - Empolgante e inspirador!

Ser criança após 1969 é diferente. Ao longo do último século, o homem sonhou em conquistar as estrelas; naquele ano Neil Armstrong mostrou que esse sonho era possível. Que ir ao espaço não era apenas uma fantasia, mas uma chance de conhecer o desconhecido, de correr atrás dos nossos sonhos de criança por mais irreais que fossem. Ir a Lua rompeu barreiras, hipóteses e preconceitos da época. O Primeiro Homem, filme de Damien Chazelle, mesmo diretor de La La Land: Cantando Estações (2016), remonta a história de Neil Armstrong no período no qual trabalhou para a NASA.

A gravação ao vivo da época, a história da Corrida Espacial, a Guerra Fria todo mundo já conhece ou pelo menos já ouviu falar. Porém, Chazelle é capaz de nos surpreender, trazendo consigo uma extensa bagagem de conteúdo dos bastidores da agência de exploração espacial. Baseado na biografia autorizada O Primeiro Homem: A Vida de Neil Armstrong, do historiador James R. Hensen, o longa retrata com fidelidade as dificuldades passadas pelo astronauta.

Neil teve que passar por uma série de desafios pessoais para chegar na Lua. Um dos melhores filmes de superação já feitos!

Visualmente, o filme é belíssimo, como já esperado do trabalho de Chazelle em conjunto com o diretor de fotografia Linus Sandgren, que realizaram La La Land também. O cineasta opta por enquadramentos bem fechados e mais intimistas com a finalidade de justamente focar no lado mais psicológico dos personagens principais, Neil, interpretado por Ryan Gosling, e a esposa Janet, feita por Claire Foy. Talentoso no modo como coordena as sequências de tensão, o diretor faz muito uso do “ponto de vista”, ângulo onde somos colocados na perspectiva de um personagem específico. Dessa forma, além de mais cativante, o filme desperta a sensação de realmente estar dentro de um foguete naquele tempo. É uma experiência imersiva capaz de nos fazer compreender os desafios passados por todos que se esforçaram para que isso acontecesse.

Esse provavelmente deva ser de longe o melhor trabalho de Ryan Gosling, que se entrega ao máximo interpretando Neil. Em entrevistas e já confirmado pelas pessoas próximas a ele, Neil Armstrong costumava ser uma pessoa introvertida, um homem de poucas palavras. Por isso, entrar num papel desses e ao mesmo tempo estabelecer uma conexão com o espectador é um desafio e tanto. Uma tarefa que Gosling consegue cumprir com maestria. Claire Foy é outro destaque da trama. Janet Armstrong é uma personagem que reage muito às decisões do marido, que quer ser muito participativa, pois ela que cuida da casa e dos filhos na maior parte do tempo. Ela atua demasiadamente com os olhos e, muitas vezes sem dizer absolutamente nada, já dá muito significado para o que a personagem sente.

Justin Hurwitz, o homem por trás das trilhas sonoras dos filmes de Chazelle, aparece com mais uma trilha esplêndida, porém nem um pouco memorável. Ela é surge em momentos bem precisos, deixando-se extravasar na cena do lançamento da Apollo 11, que, aliás, como todo desfecho dos longas do diretor, entrega um final catártico. Entretanto, ao contrário de Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014) e La La Land, nos quais saíamos das salas de cinema com as músicas do filme na nossa lembrança, não acontece o mesmo com este.

Empolgante a ponto de tirar o fôlego, O Primeiro Homem retrata os bastidores de um dos momentos mais importantes da nossa história recente. Pressionado por uma nação inteira, a história é muito mais sobre quantas derrotas pessoais sofremos para conquistar algo grandioso do que a disputa ideológica da Guerra Fria que já vimos nos livros didáticos da escola. Como todo herói de verdade, Neil Armstrong foi apenas um homem comum com uma forte motivação.

Como todo herói de verdade, Neil Armstrong foi apenas um homem comum com uma forte motivação

Nota: 4,5/5

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