Os Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro | Crítica
Danilo Gentili, Murilo Couto, Léo Lins e Dani Calabresa protagonizam numa das raras produções de terror em terras tupiniquins. O gênero mais específico desse filme seria o “terrir”, aclamado por misturar elementos do horror com pitadas de comédia. Aos curiosos e fãs desse estilo, certamente irão se surpreender. É notável a tamanha qualidade estética que Gentili e cia alcançam neste.
A trama do filme é simples: os quatro principais constituem uma versão parodiada de Caça-Fantasmas famosos no YouTube e que estão tremendamente endividados. Quando um garoto invoca a lenda urbana da Loira do Banheiro dentro da escola, somente os “especialistas em capturar criaturas do além” poderão salvar as vidas dessas crianças.
Como de costume do gênero, o longa se permite fazer uma sátira de si mesmo, com momentos autocríticos de clichês de filmes de terror. Comentários no meio da cena, como “esta é a aquela hora que um ator coadjuvante morre” ou “se isso fosse um filme de terror barato e ruim, esse seria o momento de susto gratuito e sem importância”.
Na realidade, Os Exterminadores vai ainda mais além, trazendo referências da cultura de massa brasileira, bem como fazendo piadas depreciativas dos próprios humoristas que compõe o elenco principal. Enquanto que, visualmente, o diretor Fabrício Bittar utiliza de sua esperteza estética para fazer menções honrosas a clássicos do terror. Por exemplo, O Iluminado (1980), Uma Noite Alucinante (1981) e A Hora do Pesadelo (1984).
Os efeitos especiais fazem o serviço de entregar o melhor do thrash. Ao passo que o escatológico é outro ponto explorado aqui em Os Exterminadores do Além, que vem para alegrar os olhos do espectador com muito sangue, cadáveres, gosma etc. de uma forma muito exagerada e explícita.
O humor do filme é bastante variado, que vai desde algo bem infantil ao estilo Trapalhões até o teor mais adolescente com piadas mais sujas, algo que agradará diversos gostos ao mesmo tempo.
Contudo, o longa deixa a desejar nas atuações, já que tem mais comediantes no elenco do que atores de verdade. Os personagens de Gentili e Léo Lins são unidimensionais e pouco desenvolvidos, funcionando melhor para a comédia do que para a história do filme. Já Dani Calabresa aparece pouco e também não tem muita relevância. O mais identificável e provavelmente o melhor é Murilo Couto, que encarna um personagem mais cativante e é o único que passa por alguma evolução durante a narrativa.
Sikêra Júnior, Ratinho, Antonio Tabet e Bárbara Bruno completam o elenco com interpretações de causar momentos hilários para o filme. Enquanto que o grande destaque dos atores mirim é Pietra Quintela, que faz a Loira do Banheiro.
Outro problema que o filme sofre é de ritmo. Com o decorrer da trama, tudo acontece com certa fluidez. Mas quando chega na virada do segundo para o terceiro ato, o longa fica parado, e onde não acontece nada muito importante, tornando essa parte bem desnecessária.
Os Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro tem um grande potencial ainda inexplorado, essencialmente no quesito de atuação. No entanto, como promete o próprio Danilo Gentili, deve ter uma sequência, o que pode trazer grandes melhorias futuramente.
Nota 3,5 / 5
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